Quarta-feira, 5 de Novembro de 2008

aventura na linha do vouga - 1º dia

Nota introdutória: para melhor entendimento do leitor, ao referirmos a quilometragem, optamos por indicar duas distâncias. A primeira, corresponde ao total de quilómetros que calcorreamos, a segunda, refere-se à quilometragem original da linha.

 

25/09/2008

O acordo passava por deixar uma segunda viatura em S. Pedro do Sul, rumando de seguida para Viseu. Antes de iniciarmos a caminhada, optamos por efectuar uma peregrinação a um “local sagrado”, a confeitaria Amaral. No entanto, antes disso, decidimos passar pelo único vestígio da extinta estação de Viseu, o depósito de água, que outrora servia para arrefecimento das máquinas a vapor. Depois de bem abastecidos de Viriatos, que é, para quem não sabe, o doce típico da região e em particular desta confeitaria, e do tradicional pingo, dirigimo-nos ao quartel da GNR, na localidade de Abravezes (Km 0/138,5).

 

 

 

 

 

 

Aqui deixamos a terceira viatura. A localização deste edifício é mesmo no local de passagem da linha. Eram 10 horas quando começamos a nossa caminhada. Nesta fase inicial do percurso, temos que salientar a dificuldade em reconhecer o traçado da linha. Inclusive, foi de todo impossível descortinar o apeadeiro local, que supomos já ter sido desmoronado.

 

 

Até chegarmos à localidade de Campos, os únicos vestígios que vislumbramos da existência da linha, foram alguns parafusos com o logo da CP.

 

Foi nesta localidade que encontramos a simpática D. Maria Ercília, proprietária do Café Grilo, que nos contou histórias passadas relacionadas com a via-férrea. Foi ela que nos ajudou a perceber o traçado original da linha à passagem por este local. Actualmente está totalmente irreconhecível, fruto da construção de um ramal de acesso à A25.

Antes de chegarmos ao apeadeiro seguinte, vislumbramos uma casa construída com materiais provenientes da linha. O resultado da construção é extremamente interessante e pitoresco.

Para além disso, foi até esse momento, a maior concentração de vestígios que havíamos visto. Ainda esta imagem nos estava na retina, já outra nos entrava pelos olhos dentro, porventura ainda mais bonita. De uma forma poética, podemos dizer que numa eira, vislumbramos um mar de milho. É um espectáculo digno de ser visto. Em boa verdade, a mãe natureza sabe o que faz. E o homem, quando está para aí virado, sabe contribuir.

 

 

 

O  ponto de interesse seguinte foi o apeadeiro de Mozelos (Km 4,2/134,4), que se encontra num estado de degradação total. O local assemelha-se a um ferro velho, tal a quantidade de velharias e lixo aí existentes. O edifício nem identificação possui e encontra-se já bastante degradado. Apesar disso, parece ainda ter alguma utilidade. Não conseguimos foi perceber muito qual!

Entretanto, os já escassos sinais de existência da linha, tornaram-se ainda mais difíceis de localizar, chegando mesmo a desaparecer por completo, o que nos fez seguir por um traçado paralelo, onde vislumbramos uma televisão e uns toros de madeira, criando um cenário cómico. Apesar de impossível, dava mesmo a ideia que alguém se entretinha a ver os programas da manhã aqui sentado.

Após conseguirmos localizar uma vez mais o traçado, fomos depois desembocar à Rua da Desmontada. Um pouco mais à frente surge o apeadeiro de Travanca da Budiosa (Km 6,5/132), que era ao mesmo tempo passagem de nível ao quilómetro 132,022, tal como registado fotograficamente.

Foi este o local escolhido para realizarmos a pausa para o pequeno-almoço. Finalmente, no troço seguinte encontramos o primeiro vestígio de ferro carril. Decidimos celebrar tal momento, com a postura das nossas botas em cima deste marco. O antigo traçado da linha foi agora substituído por uma estrada, que eliminou por completo a sua presença. No entanto, mais tarde voltamos a encontra-lo, podendo ver de longe a longe a presença desta.

 

Foi neste cenário que chegamos à estação da Bodiosa (Km 9,2/129,3). Esta tem vestígios de ser habitada e o seu estado de conservação é bastante razoável.

Verificamos que nesta estação, havia possibilidade de comboios circularem em sentidos diferentes. Graças ao cais duplo, do qual ainda pudemos ver alguns vestígios, permitia o cruzamento entre as viaturas. Há um detalhe que temos que realçar, que é o trabalhado do telhado, extremamente bonito e antigo, revelador de que este é original da própria estação.

Neste ponto, o nosso trajecto era coincidente com uma rota PR. Ao longe, já se avistava a Igreja Velha de S. Miguel do Mato. Tivemos que fazer um pequeno desvio para podermos ver de perto esta construção e foi com imensa pena que constatamos o avançado estado de degradação em que esta se encontra.

 Após esta referência, deparamo-nos com o 1º túnel que encontramos. O tecto, está completamente negro, fruto do fumo que ao longo de muitos anos foi largado pelos comboios que aqui passavam.

 

Chegados a Moçamedes (Km 14,9/123,6), que também dispõe de cais duplo, verificamos que esta estação está em óptimo estado e foi aproveitado e reconstruído para albergar a Junta de Freguesia de S. Miguel do Mato.

 

Foi este o local escolhido para almoçarmos. Deslocamo-nos depois a um café próximo, para tomarmos o habitual pingo. A paisagem da parte da tarde foi-se tornando mais cativante, na medida em que nos afastamos de locais habitados. Passamos então pelo 2º túnel. Estes, começaram a ser uma constante daqui em diante.

À entrada da localidade de Real das Donas (Km 17,5/120,9), o traçado da linha desapareceu por completo tendo sido substituído por uma estrada que atravessa completamente a localidade. Inclusive, o próprio apeadeiro também desapareceu.

 

Depois de alguns momentos de confusão, voltamos a encontrar o traçado, coincidente em parte com o PR7 de S. Pedro do Sul. Daqui em diante, não se encontram quaisquer casas, sendo um tipo de trajecto mais do nosso agrado. A paisagem era sobretudo constituída por arvoredo, não havendo grandes motivos para êxtase visual, mas o isolamento é algo que prezamos bastante neste tipo de actividades.

Só à entrada de S. Pedro do Sul (Km 25/113,5), é que voltamos a vislumbrar sinais de “civilização”. Aqui pudemos ver vestígios da linha, bem como uma magnífica ponte sobre o Rio Vouga, que foi reconvertida em passagem de automóveis. A estação também foi transformada em café e local de artesanato. Pelas fotos existentes no interior relativas a esta estação, concluímos que esta deveria ter imenso movimento. Por fora, o aspecto é muito agradável.

 

Daqui seguimos para o centro, onde havíamos deixado a viatura. Lanchamos, e fomos depois em busca das piscinas, onde nos permitiram tomar um duche de forma gratuita. Fica aqui uma palavra de agradecimento a esta instituição. De seguida fomos em busca de local para pernoitarmos. Não que esta situação nos preocupasse muito, mas na mente de todos nós estava a caricata situação que vivemos há cerca de um ano, à porta da C.M. Macedo de Cavaleiros. Assim, ao passarmos pelos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, lembramo-nos que estes homens e mulheres habitualmente designados de soldados da paz, costumam ter boas condições e excelente espírito de ajuda. Assim, dirigimo-nos até lá e falamos com o Sr. Comandante, que pronta e gentilmente nos disponibilizou de imediato o salão superior, para estendermos os sacos-cama e as colchonetes. Jantamos no restaurante central.

 

publicado por vagabundos às 15:52
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