Segunda-feira, 12 de Novembro de 2007

rota da ribeira de várzea

O grupo de amigos do vagabundeando, escolheu a região de Viseu para passar o fim de semana de 05 a 07 de Outubro de 2007. Apenas o Hélder, Mário e Paulo, acompanhados das respectivas mulheres é que participaram, pois o Luís tomou outras direcções, mais concretamente Viana do Castelo.

Abordaremos apenas o percurso pedestre efectuado, pois o restante é de outro âmbito, mas não deixando de referir que foi um excelente fim de semana.

Trata-se de um percurso pedestre de pequena rota, com cerca de 9 kms, ideal para a participação de todas as pessoas, mesmo aquelas que não estão habituadas a este tipo de actividade ou que de momento não podem realizar outro tipo de trilho.

A localidade de Várzea, fica situada no acesso através da Estrada Nacional 2, na direcção Viseu - Lamego, embora a escassos quilómetros da cidade. Quando se entra em Várzea, existe indicação da localização do percurso.

Deixamos a viatura estacionada na Estrada Municipal 649. Após a tradicional foto do início do trilho, percorremos uma distância curta e fomos ter a rio Vouga. Depois de alguma indefinição sobre o caminho a seguir, alguns de nós experimentaram a sensação de andar sobre as Poldras que mais não é que um meio de passagem entre margens, constituído por 86 pedras para o efeito, em que a distancia entre ambas não ultrapassava o passo normal. Nos meses de Inverno em que o caudal é superior, não é possível utilizar este atravessamento.

O percurso acompanha parte da ribeira de Várzea, onde tivemos oportunidade de observar alguns moinhos que, de uma forma geral, necessitam de recuperação, pois caso contrário a degradação irá tomar completamente conta destas máquinas que em tempos foram muito importantes.

 

A existência dos moinhos deram a concluir que a localidade é essencialmente agrícola. Já antes tínhamos observado uma vindima e mais tarde foi a vez de espigueiros e tractores a circular pelas artérias.

Antes de alcançarmos a barragem, observamos uma capelinha dedicada ao senhor da agonia, com uma imagem de cristo crucificado e com uma caveira aos pés.

Da barragem a Várzea não se registou nada de especial, a não ser fotografias, mas isso foi uma constante.

Durante todo o percurso, cumprimentamos sempre as pessoas com quem nos fomos cruzando, mas à entrada Várzea, envolvidos na conversa, não nos apercebemos de que um ancião se encontrava a descansar numa cadeira no logradouro da sua propriedade e como nada referimos, logo fomos chamados a atenção. Mais há frente encontramos uma Lagareta, que se trata de uma construção, que terá sido utilizada como lagar de azeite.

Chegados ao centro de Várzea, lanchamos na zona da eira e dos espigueiros, em via de restauro definitivo e depois concluímos o percurso até ao local onde havíamos deixado a viatura.

Este é o primeiro percurso implementado pela câmara municipal de Viseu. A sinalização está conforme, mas cria demasiada alteração paisagística. Os sinais estão colados sobre o suporte, tendo-se verificado que alguns deles se apresentavam a descolar ou a serem retirados. As marcações de tinta ainda vão sendo o melhor meio de sinalização. Durante o percurso que acompanha a ribeira através de um caminho, foi colocado barreiras de protecção, mas também por estas bandas o vandalismo encontra-se activo, pois algumas delas foram objecto de destruição. A manter-se assim, os responsáveis vão concluir que não serão necessárias, dado que o caminho se serve o povo da localidade, também serve para aqueles que praticam o gosto pelas caminhadas.

 

música: rota da ribeira da várzea
publicado por vagabundos às 09:24
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Segunda-feira, 5 de Novembro de 2007

aventura na linha do tua - introdução

Esta ideia surgiu do Paulo. Tinha este projecto em mente já vai para algum tempo e decidiu partilhar com o Hélder. Caminhar, sempre foi uma actividade de que gostamos e, este conceito de “mochila às costas”, é algo que nos agrada de sobremaneira. Mais tarde, surgiu a ideia de convidarmos mais dois amigos; o Mário e o Luís. Assim nasceu a equipa: o Paulo, o Mário, o Luís e o Hélder. Quatro jovens, com idades para já terem algum juízo, nenhum deles abaixo da casa dos 30, dispostos embarcarem de mochila às costas nesta pequena aventura. 

A caminhada tinha por objectivo, percorrer o antigo troço desactivado da Linha do Tua,  entre Mirandela, Carvalhais para sermos mais precisos, e Bragança. Decidimos dividir o trajecto em 3 dias, ao contrário da ideia inicial que era faze-lo em apenas 2. Assim, ficou decidido que no primeiro dia, após apanharmos o comboio numa estação do Metro de Superfície de Mirandela e sairmos em Carvalhais, começaríamos a caminhada com destino a Macedo de Cavaleiros. No segundo dia, percorreríamos o troço entre Macedo de Cavaleiros e Santa Comba de Rossas e concluiríamos o terceiro dia percorrendo o trajecto entre Santa Comba de Rossas e Bragança. Ao todo, seriam 75 Km de caminhada, em contacto com a natureza e num espírito de aventura e camaradagem.

                                

De Oliveira de Azeméis até Carvalhais

Ficou estipulado, que a hora de partida para a equipa completa, seria às 07:00 horas. Depois de muita discussão e trocas de e-mails, conseguimos por fim encontrar uma data que a todos conviesse. Assim, cada um de nós, com maior ou menor dificuldade, reservou na sua agenda as páginas referentes aos dias 20 a 23 de Setembro de 2007. Devemos salientar o facto, de que mesmo a escolha da hora não foi de todo pacífica. O Paulo estava com algum receio (dado o passado atribulado dos agendamentos e desagendamentos do Luís), que não fosse cumprido o horário, o que nos colocava perante a possibilidade de perdermos o comboio e não podermos cumprir o planeado. Eu apressei-me a descansá-lo, uma vez que quando é necessário, eu sei que o Luís consegue. Sobretudo quando temos algum comboio para apanhar, não é caro amigo? Bom, a verdade é que eu não me enganei, nem um bocadinho. À hora marcada, todo o grupo estava reunido e preparado para zarpar, dentro dos limites de velocidade, que a polícia não perdoa. 

Empreendemos a nossa jornada através do IP4, com destino a Mirandela. A ideia, que também conseguimos concretizar, era estacionarmos o carro junto à esquadra de polícia, de modo que ficasse em segurança durante a nossa caminhada. 

De seguida, dirigimo-nos à padaria da Joaninha, para comprar as famosas bolas de azeite e seguimos depois para um pequeno café local, para tomarmos o café da manhã. O local era típico. Local com pouca luz, um balcão bastante antigo e um empregado com um toque de Zé Povinho, que ficou famoso pelo pingo que nos serviu. O chamado pingo do preguiçoso! Pela primeira vez na nossa vida, vimos por um pouco de leite (frio) na chávena, e tirar depois o café em cima, aquecido de seguida ao vapor! Ficou uma bela bodega. De seguida, atravessamos a rua e subimos as escadas. Estávamos numa das estações que compõe a linha do metro de superfície de Mirandela. Mais precisamente, entre a estação de Mirandela e Carvalhais, onde apanhamos o comboio às 9:05 horas, com destino a Carvalhais.

                     

Esta viagem foi gratuita, no âmbito da semana da mobilidade. Cerca de 10 minutos mais tarde, já estávamos a apear-nos e a começar a tomar o segundo pequeno almoço da manhã, que a jornada não era para brincadeiras e iríamos necessitar de todas as reservas de energia possíveis. Foi mesmo ali na estação, enquanto se iam fazendo os primeiros telefonemas da manhã. Sim, porque isto das novas comunicações pode ter coisas muito boas, mas também as tem muito más...

 

publicado por vagabundos às 10:48
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aventura na linha do tua - 1º dia

De Carvalhais até Macedo de Cavaleiros

A estação de Carvalhais fica situada ao Km 58,2 da linha do Tua. Após vermos o comboio em que viemos, iniciar o regresso a Mirandela e depois da referida merenda, iniciamos a nossa caminhada por volta das 9:30 horas. O trajecto inicial teve que ser feito por estrada, fruto da vegetação cerradíssima existente na fase inicial do nosso percurso. No entanto, rapidamente pudemos começar a seguir o rasto ao antigo traçado da linha e logo ao fim de uns 15 minutos de caminhada, eis que surgiu a primeira dificuldade. A primeira das várias pontes que encontrámos e que tinha um sinal de proibido, não dispondo de travessas para ser percorrida. Assim, após uma avaliação rápida da estrutura, decidimos que seria seguro avançar. Ou não fossemos todos especialistas em construções. Sim, porque por esta altura, ainda éramos seres bem formados!

A primeira estação ou apeadeiro aonde chegamos a pé, foi Vilar de Ledra, ao Km 61,1. Em boa verdade, bem se poderia chamar Vilar da Ladra, face à enorme quantidade de cães rabugentos que aqui encontramos.

Por esta altura, a grande maioria de nós ainda ia com a roupa que considero mais apropriada (desde que as condições meteorológicas assim o permitam) para caminhar: t-shirt e calções. No entanto, devido à densa vegetação, que nos atrasava imenso o ritmo, alguns de nós tinham já cravadas na pele e na carne, o testemunho da dificuldade do percurso. De tal maneira, que a dada altura, tivemos que parar numa espécie de desfiladeiro, para trocar os calções por um par de calças de ganga. Não sem antes desinfectarmos as feridas, algumas das quais sangravam abundantemente. Foram uns lindos preparos, não hajam dúvidas. Quatro marmanjos, três dos quais em cuecas, no meio da vegetação. Quem por ali passasse sem estar enquadrado no contexto, não havia de fazer grande ideia de nós. Seguramente. Entretanto, constatamos que o Luís deveria ter sido especialista a jogar ao elástico, nos seus tempos de menino. A facilidade com que levantava as pernas para conseguir “amarfanhar” as silvas (de certo modo, suas e minhas familiares), deu-nos essa certeza. Tornou-se, daí em diante, o batedor oficial de serviço.

Ao Km 65,3 devemos ter passado por Avantos. Digo devemos, pois não sabemos muito bem o que será feito deste apeadeiro. Se ainda existe, nem demos por ele, porque das duas uma, ou se encontra encoberto por vegetação, ou já não está de pé, porque em boa verdade, não o vimos.

O percurso, era por esta altura extremamente difícil. A paisagem era extremamente agreste, em que se detectavam pequenas clareiras de longe a longe, mas o que se via com abundância eram ervas e silvas. Da extinta linha, os únicos sinais que se viam de longe a longe, eram algumas travessas e uns quantos parafusos ferrugentos.

Os primeiros carris, só foram avistados um pouco antes de chegarmos a Romeu. Ficamos tão contentes quando o vislumbramos, que parecia que havíamos encontrado um tesouro. Nesta altura, a paisagem melhorou consideravelmente e começamos a poder desfrutar do gosto de vermos alguns campos, árvores e flores. Muito bom, para quem vinha com os olhos habituados a ver sempre o mesmo.

Começamos então, a avistar a lindíssima ponte de Romeu. Provavelmente, a mais alta e bela de todo o percurso.

Nesta altura, talvez por falta de outras alternativas, ou porque a emoção e adrenalina ainda estava lá em cima, não nos passava outra ideia pela cabeça, que não fosse atravessa-la, apesar de mais uma vez, lá estar colocada a placa de passagem proibida.

No entanto, uma vez mais, pareceu-nos suficientemente segura a travessia e lá o fizemos. Imediatamente após a ponte, chegamos à estação de Romeu, localizada ao Km 67,2. Esta estação, que devia ser uma das mais importantes, tinha o edifício bastante degradado. Mas não causada pelo passar do tempo, uma vez que pelo exterior, ainda se encontrava em condições razoáveis. O que o degradou mais, foi certamente o vandalismo gratuito e estúpido, que desta forma vai avançando por este nosso belo Portugal, devastando alguns dos tesouros bem interessantes. Janelas partidas, tudo escavacado no seu interior, enfim, uma lástima.

De qualquer forma, conseguimos encontrar uma sombra e local agradável para almoçarmos e constatarmos, após uma contas rápidas, que devido à dificuldade do percurso, até então, o nosso progresso estava a ser muito lento, tendo gasto até à altura, 3 horas, para percorrer apenas 9 quilómetros! A culpa inteirinha, ia para as já referidas silvas, roseiras e afins, que para além de nos terem provocados sérios danos físicos, ainda nos fizeram perder imenso tempo. “Bom, Caros Amigos, temos que voltar à estrada, porque de Romeu até Macedo de Cavaleiros… é sempre a subir”.

Continuando o nosso trajecto, verificamos que a paisagem ia alternando, entre momentos que a visibilidade não era superior a uns 10 metros, devido à vegetação, até partes em que se viam quilómetros a perder de vista, de campos, montes, vales, etc. O aspecto da linha, esse variava entre o completíssimo, com travessas, pregos e parafusos, carris e pedras, até ao oposto, ou seja, sem nada disto, com imensas variantes e combinações de vários destes elementos. Encontramos, não raras vezes, carris completamente deslocados da sua posição original e, uma pergunta matutou-nos a cabeça durante todo este tempo: quem e porque razão, é que levaram os carris daqui?

A estação que se seguiu, foi Cortiços, ao Km 74,1. Antes de lá chegarmos, passamos por um antigo abrigo de pastores, local onde o Mário, começou a sentir as primeiras dificuldades físicas (ai esses joelhos). Foi neste local, que avistamos o primeiro curso de água verdadeiramente digno desse nome. No entanto, o aspecto deste foi sempre estranho. Estando nós a percorrer a margem direita desse rio, avistando-o do nosso lado direito, verificamos que a inicialmente a água tendia a estar parada, criando uma superfície verde. Mais adiante, a água encontrava-se extremamente turva. Viemos mais tarde a verificar que se devia à existência de uma exploração pedreira, em que o processo de lavagem de pedra seria por certo o responsável por esse facto. Ao passar por esta exploração, avistamos uma tabuleta de “Perigo de Explosão” e bastantes pedras espalhadas. À vista de tal conjugação de factores, o Paulo ganhou energias redobradas e só o apanhamos quando a sensação de perigo aliviou.

O obstáculo que se seguiu, derivava do traçado da linha ter sido interrompido, sabe-se lá por quem, estando mesmo vedado por um arame. Ao encontrarmos caminho alternativo, fomos convidados pelo Sr. Mário Cepeda e pela sua esposa, D. Maria Isaura, a passar pela sua propriedade e beber água fresca, ou até mesmo merendar, se fosse nosso desejo. Aceitamos de boa vontade a primeira oferta, uma vez que a sede já apertava. Em diálogo com estes dois anciãos, ele revelou-nos ter sido em tempos, maquinista da CP, tendo trabalhado em diversas linhas, entre as quais a do Tua. Era seu hábito, ao chegar perto de sua casa por volta da hora do almoço, apitar insistentemente, no sentido de alertar a sua esposa, que tinha que lhe levar o farnel à estação. Logo brincamos com a situação e o Paulo, avançou logo algumas hipóteses para os diversos toques:

§  1 toque – bacalhau para o almoço

§  2 toques – meia garrafa de vinho

§  3 toques – uma garrafa de vinho. Fresquinha que hoje faz muito calor!

§  5 toques – que não se volte a repetir. Isto, porque o Sr. Mário, em tom de brincadeira, nos confidenciou que por vezes a D. Isaura se atrasava. Quando chegava à estação, já tinha que atirar o farnel para o comboio em andamento...

A casa deste casal tão simpático, era muito perto da estação seguinte. De tal forma, que mal deixamos a sua propriedade, avistamos de imediato a estação de Cortiços - Km 74,1. Foi muito engraçado, verificar que o sistema de alimentação de água, ainda estava de pé. Este, era usado quando a energia das máquinas provinha do carvão, para efectuar arrefecimento do equipamento.

Um pouco mais adiante, paramos para lanchar, tendo como pano de fundo, um ribeiro, o mesmo que já referi, mas com a água a correr límpida. Fazendo mais umas contas de cabeça, apercebemo-nos, que pelo andar da carruagem (expressão, que até se enquadra bem numa caminhada por uma linha de comboio inactiva), ou imprimíamos rapidamente uma velocidade mais elevada, ou teríamos sérios problemas para chegar ao destino desse dia, a tempo de prepararmos tudo inerente à nossa estadia (banho, alimentação, local para dormir…).

Tendo parado em Grijó (Km 78,9) apenas o tempo suficiente para nos refrescarmos, grande parte do percurso seguinte, foi efectuado pelas “margens” da linha, pelo que tivemos que cruzar campos e quintas privadas, atravessando e/ou pulando cercas, arame farpado, etc. Isto, porque a linha se encontrava intransitável em muitos locais, tal a quantidade de vegetação. Até foi bom, porque pudemos estugar um pouco mais o passo, o que nos permitiu ganhar algumas voltas ao ponteiro dos minutos, que tinha teimado em avançar mais rápido que nós durante todo o dia. Ao passarmos por uma dessas quintas, começamos a ser seguidos por dois cães. Leia-se seguidos e não perseguidos, uma vez que os bichos eram muito simpáticos. A tal ponto, que abandonaram os campos dos donos para nos seguirem, por um período tão longo, que tivemos que os “enxotar”, para que não se perdessem, nem se viessem a tornar uma dificuldade para nós, quando quiséssemos dormir.

A estação de Macedo de Cavaleiros, chegou ao quilómetro 82,8. Era esse o destino estipulado para esse dia. Penetramos nas ruas da cidade com uma grande ânsia por descanso. Fomos de imediato em busca do posto de turismo, sedentos de informações úteis, como sendo um sítio para tomarmos banho, um local recatado para descansarmos, a localização do mercado para as compras necessárias, etc. No entanto, este encontrava-se encerrado. Fomos então por nossa conta e risco, procurar os locais adequados. A primeira etapa correu bastante bem. Dirigimo-nos à piscina municipal, a fim de solicitarmos que nos deixassem tomar um banho nos balneários. A primeira entrada, indicava que a piscina tinha encerrado no passado dia 15. Que galo, há 4 dias atrás. Ficamos destroçados, pensando que teríamos que prescindir de algo que tanto apetecia a todos nós. No entanto, procurando um pouquinho melhor, encontramos uma outra entrada aberta. É que a primeira, era da piscina de água fria e esta segunda, era a que de facto queríamos descobrir, ou seja, a da piscina de água quente. Foram de enorme amabilidade, permitindo-nos a utilização mediante o pagamento de uma quantia quase simbólica. Foi um banho duplo abençoado. Talvez dos melhores, que qualquer um de nós teve oportunidade de tomar em toda a sua vida. Devido ao contacto com a água, tomamos maior consciência das mazelas acumuladas ao longo da jornada. Todos nós estávamos molestados com arranhões, pisaduras, bolhas, etc, que foram de imediato tratadas, com os recursos existentes. Seguiu-se o jantar no restaurante D. Mário, local que anunciava estar aberto 24 horas! – agora pasmem, vinte e quatro horas, em que a abertura é às 08:00h e o encerramento às 06:00h -  e ainda nós dizemos que o tempo corre depressa nas grandes cidades. Por certo, não há outra cidade no mundo em que 24 horas passem tão rápido como no D. Mário.

O jantar, foi na companhia de dois ilustres da raça canina: o Camões e o Deco, que chegaram ao desplante de se deitarem em cima da mesa contígua à nossa. Já agora, importa salientar, que o D. Mário tem alguns conceitos de restauração que devem ser revistos.

Eis finalmente chegada a hora de recolher. Não foi possível ficar no local previamente estabelecido (porta da estação dos CTT), pois a luminosidade aí existente era excessiva. Optamos assim, pela porta ao lado - a porta da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros. Houve quem, tendo passado, julgasse que éramos alunos do Piaget ainda sem alojamento. Inclusive, acharam a situação engraçada, tendo havido mesmo quem tentasse captar o momento através de um instantâneo fotográfico, via telemóvel, pedindo que não levássemos a mal.

Duas da manhã, hei (não, não estamos a fazer alusão à musica das Doce), fomos acordados com palmas. Com palmas! Estaríamos a sonhar? Não. Era a GNR. Três guardas, que de agora em diante, passamos a designar como Guarda 1, Guarda 2 e Guarda 3, sendo que o 1 ficou alocado ao membro feminino da equipa.

- Afinal, o que é que se passa aqui? – pergunta a guarda 1, aparentemente, a comandante desta pequena unidade. Quase em simultâneo, o Guarda 3, pergunta em tom brincalhão: “Ainda há espaço para mim?”. Esta pergunta, dita em tom cordial, quase passou despercebida, face à agressividade que a Guarda 1 nos abordou. O Guarda 3, ficou tão perplexo com a atitude da sua colega como nós. De tal forma, que não voltou a abrir a boca durante toda a cena que se segue

- Não é obvio que nos encontramos a descansar?

- Não podem estar aqui, porque é propriedade privada. Existem 1001 sítios onde poderiam ficar, sem problemas

- Quando chegamos à cidade, dirigimo-nos ao posto de turismo a fim de obtermos informações, mas estava fechado

- Vá, toca a limpar isto tudo

- Limpar? Mas nós sujamos alguma coisa?

- Não é limpar, é tirar essas coisas todas

- Ahhh. Arrumar, quer a Sra Guarda dizer! Olhe que o respeito é como o dinheiro. Quanto mais, melhor

- Também não é preciso falar assim com a minha colega, disse finalmente o Guarda 2

- Mas vocês dirigiram-se a nós com modos bem piores

- Identifiquem-se, volta a primeira Guarda à carga

- Para quê? Para ver se ficamos bem nas fotos?

- De onde é que vocês são?

- Veja no BI que nos pediu. Está lá escrito!

Entretanto, passa um curioso, que não resistiu a mandar a chamada posta de pescada, se bem que nesta zona se devesse dizer, posta serrana: “Vá, toca a arrumar...”

- Queres ajudar? – esta reacção foi nossa, com vontade de o meter também dentro da mochila

- Já que existem 1001 sítios, digam-nos lá onde é que podemos ficar

- Ehhhh...

Depois de conferenciarem entre si, esqueceram-se dos 1000 sítios e disseram: - Só nos lembramos de 1! O antigo centro de saúde

- Digam-nos lá onde fica

- Nós levamo-vos lá

- Não precisamos de escolta. Basta que nos digam direita, esquerda e por aí fora. Nós sabemos seguir essas indicações...

- Mas nós fazemos questão

Eis que surge nova personagem, destilando álcool a cada palavra proferida, queixando-se à guarda, que não o deixam entrar em nenhum café

- Nesse estado em que você está sempre, não admira. Vá, toca mas é a ir embora

Então, ele dirige-se a nós com a seguinte tirada: “Não deixem roubar a cooperativa”

- Vá-se embora. Não seja chato, diz a Guarda 1

- Mas eu fiz a desinfecção há 4 anos!!! – diz ele em resposta

A vontade de rir foi enorme. Mas às autoridades, não convinha. Nós, não estávamos com grande disposição

Depois deste episódio, o ambiente serenou e começamos a dirigir-nos para o centro de saúde, altura em que a guarda nos começa a explicar porque é que surgiram no local:

- Recebemos várias chamadas telefónicas, apresentando queixa de que estariam 4 vagabundos de mau aspecto...

- ...e já agora a cheirar mal, não! - dissemos nós à laia de provocação

- ... não, a cheirar mal não – apressou-se ela a esclarecer. E continuou, explicando que tinham comunicado que estariam a tentar forçar a porta da Câmara Municipal.

Ora está bom de ver, que tendo sido este um episódio muito marcante na nossa aventura, não mais parou de ser relatado e comentado entre nós, tendo posteriormente dado azo ao título de “Os 4 Vagabundos”, para o grupo e de “Vagabundeando” para o blogue.

Como é evidente, estas queixas efectuadas à polícia, só podem ter tido origem em pessoas tacanhas e com espírito de malvadez. Após esta explicação, a guarda pediu-nos desculpa, uma vez constatado, pelos seus próprios olhos, que o cenário que lhe apresentaram ao telefone, nada tinha em comum com aquele que de facto encontrou. Continuamos a dialogar a caminho do local onde acabamos por pernoitar, explicando o objectivo da nossa actividade, bem como aspectos da mesma em termos de “enquadramento desportivo”. Foi bom que toda esta conversa se tivesse desenrolado num ambiente já mais calmo a apaziguado. Caso contrário, os guardas iriam ter dificuldade em aceitar que estivéssemos de facto a fazer esta actividade, sendo que contávamos no grupo com dois mancos. Um com dores nos joelhos, outro, que segundo disse várias vezes, com as dores provocadas pelas bolhas, preferia caminhar com a cara no chão! Assim, foi um cortejo muito curioso, aquele que se dirigiu ao posto de saúde. Dois guardas da GNR, acompanhados por dois mancos, um despenteado e outro sem nenhum adjectivo correcto para a situação.

Chegados ao local, questionamos se este não era também, à semelhança do anterior, um local privado, ao que nos responderam que sim (!?!?!?), mas que se encontrava desactivado. Aproveitamos para os informar de alguns aspectos técnicos relativos ao nosso equipamento (sacos-cama, colchonetes, etc). Ao despedirmo-nos, ofereceram-se para nos deixar o número de telefone, para o caso de nos incomodarem outra vez. Reparem, nos incomodarem. De facto, ao contrário do que fomos acusados, os incomodados nesta história toda, fomos de facto nós. A sra. Guarda, disse que seria melhor ficarmos com o número, para o caso de se meterem connosco, algo que na sua opinião poderia acontecer, tratando-se de e passo a citar “4 borrachos”! Já viram bem a velocidade a que passamos de vagabundos a borrachos? Não demorou mais de 15 minutos. No entanto, após agradecermos a gentileza, recusamos, uma vez que não é a primeira vez que dormimos ao relento e nunca até à data, havíamos sido incomodados.

Escusado será dizer, que após um dia assim, não poderíamos termina-lo, sem que antes fizéssemos a respectiva avaliação/reflexão a todos os acontecimentos. 

publicado por vagabundos às 10:44
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aventura na linha do tua - 2º dia

De Macedo de Cavaleiros até Santa Comba de Rossas

A alvorada deste novo dia decorreu em três cantares. Nada tem de semelhança com a história do guarda-chaves para além deste mesmo facto, ou seja, ter havido 3 cantares:

Primeiro Cantar – um galo com fuso horário desajustado, é como ter um elefante dentro de uma cristaleira. Causa uma confusão dos diabos. Este, devia estar a acordar pelo fuso horário da Rússia, ou coisa parecida, uma vez que começou a cantar por volta das 3 da manhã. Deve ter ficado confuso com a lua. Mais grave se tornou a situação, quando em resposta, começou ao desafio outro da mesma espécie, mas que seguramente necessitava consultar um otorrino, ou no mínimo tomar uma mebocaina (passe a publicidade gratuita). De tão rouco que estava, o seu cantar parecia mais digno de um peru, do que de uma galo

Segundo cantar – O dos almeidas. E não julguem que nos estamos a referir a alguma família de cantores locais, tipo os Von Trap. Estamos mesmo a fazer alusão aos funcionários municipais, encarregues das limpezas, que não deviam estar de grande humor. De tal forma, que fizeram certamente barulho acima do necessário. Pensando bem, talvez devêssemos ter aceite o número de telefone da GNR, he, he.

Terceiro cantar – definitivamente, a hora de levantar. Os aspersores automáticos de rega, iniciaram a sua função programada, tendo molhado parte do nosso equipamento, que teve de ser recolhido de emergência. Até pensamos que era o S. Pedro zangado connosco, o que dependendo da dimensão da zanga, poderia mesmo comprometer o restante da nossa caminhada. Mas não, felizmente era só a hora de regar o jardim e o dia amanheceu bonito.

Após o pequeno almoço, quando nos dirigíamos ao mercado para fazer as compras dos bens alimentícios para a jornada desse dia, fomos novamente abordados pelos mesmos agentes da GNR, para se despedirem, nos desejarem boa viagem e uma vez mais, nos pedirem desculpa pelo sucedido.

Pouco depois de termos iniciado a caminhada, partindo da estação de Macedo de Cavaleiros, o Mário sentiu que as dores nos joelhos, já reveladas no dia anterior, não o deixariam continuar o percurso, tendo optado por voltar para trás de táxi, com destino a Mirandela. Aí, recolhendo novamente a viatura, poderia encontrar-se mais tarde connosco, o que veio a acontecer em Salselas.

O primeiro ponto de referência, desse dia, foi a passagem pelo apeadeiro de Castelãos ao quilómetro 85,3. No entanto, não há muito a dizer sobre ele. Apenas mais um apeadeiro.

Seguiu-se Azibo à passagem pelo quilómetro 89,3, onde decidimos fazer uma pausa para a merenda do meio da manhã. Ao contrário da grande maioria das outras estações, esta encontra-se estimada e com aspecto de estar habitada.

Enquanto forrávamos o estômago, vimos passar um rebanho com o seu pastor e respectivos cães-guarda. Passados nem dois minutos, pensamos que já estavam de regresso, quando verificamos que se tratava de outro pastor, logo outro rebanho e... claro, outros cães-guarda. Um destes, fixou o olhar na nossa direcção de tal forma intimidante, que paramos o que estávamos a fazer. O bicho investiu, mas parou novamente, mantendo no entanto o olhar fixo. Aquando de nova investida, já nenhum de nós conseguia sequer respirar e só recuperamos, quando ele passou por nós em excesso de velocidade, em direcção a um outro cão que se encontrava mais adiante na mesma direcção que nós. Desta safamo-nos, mas não sem uma subida de adrenalina, que mais parecia o preço do barril de petróleo!

De volta ao nosso percurso, tendo em vista a estação seguinte, Salselas, encontramos dois sujeitos e um predicado, a abater árvores. Vendo-nos de mochila às costas, questionaram-nos sobre o nosso destino. Quando os informamos que nos dirigíamos a Bragança, a reacção deles deixou transparecer a sua surpresa, porque à boa maneira portuguesa, a sua resposta foi, e passamos a citar: “Foda-se”!

Perdoem-me os mais sensíveis, mas é nosso objectivo descrever esta aventura da forma mais fiel possível

Entretanto, o Paulo entretinha-se a recolher pregos com números, das travessas da extinta linha férrea.

Estas no entanto, terminaram, deixando em aberto um caminho doloroso, apenas constituído por cascalho. Assim se manteve o trajecto até ao apeadeiro, onde nos encontramos com o Mário – Salselas – Km 91,8 - já em posse da viatura, que nos aliviou a sede e as costas, pois daqui em diante, não mais carregamos a mochila, já que esta passou para a mala do carro. Foram menos 12 quilos, que cada um de nós deixou de transportar. No entanto, o Luís pareceu estranhar, pois passou a ter dores musculares! Propusemos-lhe de imediato, que chegados à estação seguinte, ele voltasse a colocar a mochila às costas, eh, eh. A dificuldade do percurso manteve-se, uma vez que continuávamos a caminhar em cima do cascalho.

Com maior ou menor esforço, conseguimos finalmente chegar ao quilómetro 94,6 onde se situa a estação de Valdrez. No entanto, as bolhas, que nesta altura já tinham água suficiente para encher uma piscina de crianças (repare-se no detalhe! Não era uma piscina qualquer, era uma de crianças), decidiram reclamar, e uma vez que não havia perspectiva de mudança, quer do trajecto, quer da paisagem, decidimos passar para a estrada, que serpenteava próxima da linha.

Em SendasKm 96,9 estava o Mário, à nossa espera para almoçar. Trinchávamos mais umas fatias da maravilhosa bola de azeite de Mirandela, quando o Mário demonstrou o seu primeiro sinal de repulsa por este belo manjar. Mas, fê-lo como um verdadeiro gentelman que deseja (perdoem-me a rudeza das palavras) “cagar-se”, pois afastou-se sem grande alarido, uma vez que até o cheiro da bola o enjoava. Grande surpresa, uma vez que logo após a compra da dita, se começou a deliciar, tecendo mesmo rasgados elogios à confecção. Escusado será dizer, que daqui em diante, este facto foi motivo de chacota e grande risota, até ao final do percurso.

Aproveitando a viatura de apoio, fomos tomar um cafezinho a uma aldeia próxima (Vinhas), pois em Sendas o café estava fechado. Ainda tivemos tempo e oportunidade para assistir a uma discussão político-religiosa sobre a construção de uma capela, em honra a S. Sebastião, nas terras da família Sá Morais. Sejamos honestos. Quando começamos a ouvir a conversa, ficamos extremamente surpreendidos que houvessem destes guerreiros japoneses por estas paragens!! É que o nome de família Sá Morais dito de uma forma rápida, soa de facto a samurais.

Seguiu-se o apeadeiro de Vila Franca, ao quilómetro 99,3, bastante distante da aldeia e sem nada de característico ou especial para registar.

De Chãos e Fermentãos, aos quilómetros 100,8 e 101,8 respectivamente, pode dizer-se mais ou menos o mesmo, com a diferença que se achavam mais próximo das respectivas aldeias. Encontravam-se, no entanto, em estado mais degradado. Principalmente a de Fermentãos.

Chegados a Salsas ao quilómetro 104,6, constatamos com agrado, que a estação se encontrava restaurada e com utilidade. No entanto, estragaram tudo ao construírem uma casa, mesmo no local de passagem da linha!! Incrível como permitem estas coisas, sobretudo se tivermos em linha de conta, que existe um projecto para transformar este trajecto numa eco-pista.

Nesta estação, enquanto metade dos “vagabundos” se entretinha num ponto de acesso à internet (?!?!), a outra metade, entretinha-se a atirar pedras a uma lata de sumo chamuscada, existente na linha. Este momento, transformou-se no jogo oficial para a restante jornada.

Iniciamos de seguida, o trajecto até Santa Comba de Rossas. Esta seria a última etapa programada para esse dia e foi com agrado, que constatamos (juntamente com os pés das bolhas) que este foi provavelmente o trajecto mais fácil de percorrer, graças à limpeza e bom estado do caminho. Assumimos, que deverá ser devido aos inúmeros castanheiros aí existentes. Será necessário com toda a certeza, acesso frequente de viaturas, e esta deverá ser a principal razão.

Chegados a Rossas que se encontra ao quilómetro 110,3, encontramo-nos com o Mário, encarregue de arranjar um local para pernoitarmos, sem ser “propriedade privada”, se é que me faço entender, e podermos tomar um bom banho. Enquanto esperávamos, aproveitamos o tempo morto para nova prova de arremesso da pedra à lata. Isto, porque infelizmente, não faltam latas abandonadas e estando nós a percorrer uma linha-férrea, mesmo desactivada, mantém quantidade considerável de pedras. O Mário, dirigiu-se ao Sr. Jerónimo, enquanto fazíamos o último troço de caminhada do dia. Ele, que é o tesoureiro da freguesia local, mesmo tendo puxado muito pela cabeça, não vislumbrou solução para os nossos anseios. Em conversa com um cidadão local, lembraram-se de um pavilhão em construção, no posto de abastecimento gasolineiro local. Chegados lá, constatamos que havia muita terra, o que danificaria todo o nosso equipamento. O autarca, repleto de boa vontade, ainda nos sugeriu que dormíssemos em cima de paletes!! Obrigado Sr. Jerónimo, mas não, não queremos acordar amanhã de manhã fatiados. Em seguida, surgiu a ideia de irmos dormir num quarto de aluguer, mas não era esse o espírito, pelo que tivemos que recusar mais uma vez. Lembraram-se então, de nos oferecer um alpendre na casa de uma pessoa que está a morar no país vizinho. Para não corrermos os riscos da noite anterior, falamos com os cunhados da proprietária, que de imediato nos deram autorização.

Resolvida que estava essa questão, fomos de carro até Bragança, onde nos dirigimos às piscinas municipais, a fim de tomarmos o merecido banho de final de jornada. Gentilmente, não só nos deixaram utilizar as instalações, como inclusive o fizeram de forma totalmente gratuita e desinteressada. O nosso obrigado por esta bonita atitude.

O passo seguinte, era obviamente tratar da barriguinha. O Jorjão, restaurante cuja qualidade nada tinha de comparável com o da noite anterior, foi a escolha. Abençoada escolha, uma vez que a diferença de nível foi bem lá para cima!!

Regressados a Rossas, havíamos combinado nova prova de arremesso, mas também havia que limpar a área e efectuar os preparativos para o descanso. Desta forma, acabamos por nos esquecer da competição agendada.

publicado por vagabundos às 10:43
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aventura na linha do tua - 3º dia

De Santa Comba de Rossas até Bragança

Desta vez, dormimos e acordamos sem sobressaltos de maior. De tal forma, que despertamos com um espírito particularmente desportivo. Para além de mais algumas partidas de arremesso à lata (para nos desforrarmos do esquecimento da noite anterior), tivemos ainda tempo e oportunidade para uma partida de matrecos, num dos cafés da aldeia

Iniciamos então a nossa caminhada e o primeiro ponto de paragem, foi a estação de SortesKm 117,1. Apesar de ter sido restaurada, esta estação está descaracterizada, pois retiraram o reboco das paredes em pedra. No entanto, fica bem mais agradável assim, do que a cair de podre. Para além disso, ainda tornaram o local num ponto de convívio para os cidadãos da aldeia - piqueniques e churrascadas, etc. Muito catita.

                              

No percurso até ao apeadeiro seguinte, que surge ao quilómetro 119,8 de seu nome Remisquedo, deparamo-nos com um túnel, que despertou em nós o sentimento nostálgico da passagem real do comboio, onde não faltou a famosa piada:

- “Luz ao fundo do túnel. Esperemos bem, que não seja o comboio que lá vem!”

                                  

Uns minutos mais de caminhada e eis que nos deparamos com mais uma ponte. Devido às suas grandes dimensões e ao estado em que se encontrava, optamos por voltar à estrada. Gostaria que neste blogue ficasse referido o principal responsável por esta tomada de decisão. A minha sobrinha, que mesmo estando ainda na barriguita da mãe, já foi decisiva!

                    

Seguimos depois por estrada até Rebordãos (Km 122,1) onde regressamos à linha, seguindo directos até Mosca, que se nos deparou à passagem do quilómetro 125,6 que foi o local escolhido para o almoço desse dia. Não sem que antes, disputássemos mais algumas partidas de arremesso à lata. Esta estação, apesar de estar de pé, encontra-se bastante degradada.

                                     

Após o almoço, procuramos um café na aldeia e ainda tivemos tempo e oportunidade, apesar de algumas limitações físicas, de colaborar na tentativa de retirar um carro de uma cave, por uma rampa consideravelmente acentuada. No entanto, todo o nosso esforço foi em vão, uma vez que a viatura se recusou a trabalhar e/ou sair da garagem. Devemos referir que fomos persistentes. Diria mesmo, que acima das nossas capacidades, uma vez que efectuamos três tentativas, numa das quais, o proprietário da viatura tentou colocar o carro a funcionar engatado em 3ª!! Já era esforço a mais, sobretudo para atletas de alto nível de arremesso da pedra, que haviam estado em competição constante nos últimos dias. Enquanto três de nós estávamos neste exercício, o quarto vagabundo ficou às escuras. Lembras-te Luís?!                                    

Regressados à estação onde havíamos almoçado (e já necessitávamos repetir, graças ao esforço físico desenvolvido entretanto), iniciamos o percurso rumo ao destino final, a estação de Bragança.

                                 

Este último troço do percurso encontra-se muito descaracterizado. Sobretudo, a partir da actual Zona Industrial da cidade. Encontramos muito lixo e pontualmente, tivemos inclusive algumas dificuldades em detectar o rasto do traçado da linha.

Chegados à cidade, perdemos mesmo por completo o fio à meada, tendo encontrado os últimos vestígios, perdidos no centro da cidade, num bairro que segue até à estação de Bragança, que nos surgiu após 75,6 quilómetros de caminhada, logo, à marca de 133,8. Esta, encontra-se em muito bom estado, tendo sido adaptada como central de camionagem de passageiros, com uma decoração a fazer lembrar os tempos em que o comboio por lá circulava.

                                          

Aí, registamos fotograficamente o final da nossa aventura e tomámos a bebida que já vínhamos reclamando desde o primeiro dia. A chamada “minie”!

publicado por vagabundos às 10:42
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aventura na linha do tua - bragança

MAIS 4 ELEMENTOS QUE SE JUNTAM AO GRUPO

Após a chegada à estação de Bragança, iniciamos uma nova fase da nossa aventura, à qual se juntaram mais 4 participantes de elevada importância, mesmo que 1 tenha sido apenas em pensamento: Anabela, Cláudia, Cristina e Andreia. Juntaram-se a nós na pousada da juventude local. Começamos por relatar os episódios da nossa aventura, enquanto lanchávamos, seguindo-se depois o banho retemperador.

Jantamos no centro da cidade, no D. Luigi, um restaurante italiano muito catita e com umas pizzas de categoria. Regressamos depois à pousada, para uma noite retemperadora, dormida numa cama.

No dia seguinte, após o pequeno almoço, deixamos a pousada e fomos visitar a zona histórica: o Castelo, o Domus Municipalis a Igreja de Santa Maria, na qual entramos sem óculos escuros ou chapéu de palha (desculpem os caros leitores por esta private joke).

        

De seguida, fomos em busca do Abel, restaurante famoso na zona, por servir uma bela e tradicional posta, mas como se encontrava encerrado para férias do pessoal, optamos por voltar ao Jorjão, onde tínhamos sido bem servidos, e voltamos a ser!! Tão bem, que após mais alguma pedinchice, o Mário lá conseguiu convencer o homem a dispensar-lhe alguma daquela água-ardente maravilhosa. Honra lhe seja feita, porque é mesmo de categoria

Como se costuma dizer, tudo o que é bom e neste caso foi-o sem dúvida, acaba depressa e esta ainda não foi a excepção que confirma a regra. Tivemos mesmo que concluir a nossa aventura, encetando o regresso a casa.

publicado por vagabundos às 10:23
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aventura na linha do tua - avaliações

Hélder

Ponto mais alto

O final da última etapa. Foi com algum sacrifício que consegui fazer todo o percurso devido a todas as bolhas nos pés, mas tinha de facto muita vontade em chegar ao fim. Por isso, a chegada à estação de Bragança foi para mim, o top dos tops.

Ponto alto

Camaradagem e espírito de amizade entre todos, que saiu seguramente reforçado no final deste aventura

Ponto médio

Banho. Que coisa tão boa. Sobretudo o que tomamos em Macedo de Cavaleiros. Depois de pensarmos que íamos ficar sem ele, descobrir a entrada correcta da piscina e deliciarmo-nos com aquela banhoca maravilhosa. Ahhh. Muito bom. Muito bom, mesmo!

Ponto baixo

A triste cena à porta da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros. Obviamente. Uma das maiores vergonhas da minha vida. Mas, ainda sou novo, por isso, terei tempo para outras bem piores... J

Ponto muito baixo

As lesões. A minha, que me fez penar durante 2/3 do caminho. Mas sobretudo a do Mário, que impossibilitou que todo o grupo se mantivesse junto

 

Paulo

Ponto mais alto

1 - A companhia dos três amigos Hélder, Luís e Mário, pois sem eles não conseguiria concretizar esta aventura. Grato pela vossa disponibilidade, dedicação camaradagem e amizade.

2 –À medida que entravámos na cidade de Bragança, e quando chegados à estação, fiquei com uma grande alegria por ter conseguido.

 

Ponto alto

1 - O contacto com o casal Mário Cepeda e Maria Aurora, habitantes na Linha do Tua, mais concretamente na Estação de Cortiços. O primeiro inclusivamente foi maquinista. Se não fosse pelo tempo, era capaz de estar todo o resto da tarde a escutar as histórias do caminho de ferro acompanhadas com uma merenda que tão gentilmente nos foi oferecida. Pessoas simples e com um coração do tamanho do mundo, que ao contrário da maior parte dos contactos travados, não manifestaram qualquer admiração pela realização da aventura.

 

Ponto médio

1 - A passagem pela ponte um pouco antes da Estação de Romeu e pelo túnel antes do Apeadeiro de Remisquedo. Estes locais fizeram voltar a imaginar o comboio quando era criança. Ambos os pontos são de uma obra magnífica e o primeiro de uma beleza extraordinária, observado no sentido Mirandela - Romeu.

 

Ponto Baixo

1 - O estado de destruição e vandalismo em que se encontram os apeadeiros e as estações. Excepção feita ás estações de Carvalhais, que se apresenta em bom estado, e Salsas, Sortes e Bragança, completamente restauradas para utilização pública, embora a segunda descaracterizada, pois foi retirado o reboco das paredes em pedra, eliminando inclusivamente a identificação. Considero que todas as estações poderiam ser objecto de restauro para utilidade pública.

2 - Pelo lamento da desistência do Mário, ao início da segunda etapa Macedo de Cavaleiros - Rossas, devido a problemas de saúde. Tendo em conta os diálogos que mantivemos, onde sempre manifestou grande entusiasmo pela participação, não merecia tal desfecho.

 

Ponto Muito Baixo

1 - A vergonha que passamos aquando da abordagem de alguns membros do corpo efectivo da GNR - Posto de Macedo de Cavaleiros, embora com posterior pedidos de desculpa, não posso deixar de fazer referência a este episódio marcante.

2 - A edificação de um imóvel em pleno traçado da linha nas imediações da estação de Salsas e a existência de aterros e muito lixo no troço da zona industrial de Bragança. Caso seja concretizado o projecto da transformação da linha numa eco-via, nesses troços não poderá passar pelo original, devido à irresponsabilidade de quem aprovou e executou as construções existentes

 

publicado por vagabundos às 10:18
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